O Banco Mundial definiu em sua estratégia 2024-2030 que a aceleração da igualdade de gênero é essencial para redução da pobreza no planeta.
As lideranças do Banco Mundial fizeram inúmeras consultas a representantes de organizações da sociedade civil, governos, parlamentos, universidades, setor privado, organizações feministas, grupos indígenas, bancos de desenvolvimento .... e sentiram a necessidade de escutar especialistas em liderança feminina. O Seminário "Women Business Leadership" foi promovido pelo Banco para acelerar a equidade de gênero.
Dar enfoque em Governança, Diversidade e Ética é o que fará diferença no cotidiano empresarial.
Existem inúmeras lacunas no pipeline corporativo que fazem com que muitas mulheres competentes deixem de atuar nesse universo.
Pesquisas mostram que as profissionais mais comprometidas com o trabalho não costumam abandona-lo por vontade própria, mas pela dificuldade de passarem tantos anos sem o devido reconhecimento, e também por sofrerem discriminação institucional e organizacional de todos os tipos.
É importante ressaltar que mais de 90% da violência contra mulheres no ambiente de trabalho são micro agressões, como desprezos, humilhações, falta de reconhecimento, insultos, uso de palavras chulas, comentários que diariamente minam sua confiança e sua saúde.
Esse tipo de ambiente tóxico expulsa muitas mulheres do ambiente corporativo, elas migram para empreendedorismo, não como uma opção, mas por necessidade financeira.
São poucas as mulheres que possuem uma rede de apoio e recursos para um trabalho de cuidado (família, crianças, idosos) e que acabam alcançando cargos de liderança, como diretorias e conselhos de administração.
Há uma tendência em pensar que o preconceito diminui à medida que elas chegam ao topo. Mas infelizmente os preconceitos continuam... Pesquisas mostram que conselheiras em geral se preparam muito mais para as reuniões do conselho do que homens. Uma das razões é saberem que enfrentarão um maior questionamento das suas ideias.
Apesar do preparo, elas são julgadas por qualquer questão, como o tom de voz, estilo de comunicação. Por isso, acabam adotando comportamentos diferentes do seu normal.
Eu mesmo, fazia parte de um Board de uma holding. Era a única mulher. Em várias situações costumavam ironizar ou desqualificar minhas colocações.
Estamos aqui falando de um problema sistêmico e muito complexo.
Existem muitas iniciativas que geraram resultados positivos.
O fato de se colocar mulheres pretas ou brancas em conselhos e permitir que sejam ouvidas de forma estereotipada e passarem a ser escutadas em igualdade de condições.
Estudos mostram de forma evidente que, quando as mulheres são escutadas em igualdade de condições em suas lideranças, melhora significativamente as práticas ESG das empresas.
A criação de grupos heterogêneos, diversos e inclusivos criam soluções inclusivas e eficazes. Para melhores resultados alinhados ao mundo que vivemos hoje, precisa de inteligência coletiva, diversidade de pensamento.
E como fazer isso?
1. Lei de cotas. Atualmente, cerca de 30 países têm leis de quotas para mulheres em conselhos e essa se mostra como uma política eficiente para aceleração da diversidade.
Aumentar o número de mulheres nos conselhos gera um ciclo virtuoso em toda a estrutura corporativa, pois tem o efeito de aumentar o número de mulheres na gestão intermediária e, por sua vez, reduzir estereótipos organizacionais.
2. Envolvimento dos líderes masculinos. Os homens também são mais propensos a escutar outros homens. O tom no topo é fundamental para encorajar a cultura da diversidade, equidade e inclusão. Promover a igualdade de gênero nas suas organizações e, ainda mais importante, atuarem como defensores da causa da inclusão e equidade
3. As empresas devem vincular suas participações acionárias a cláusulas contratuais que garantam uma equidade mínima de gênero nos conselhos de administração das investidas.
Precisamos compreender que as poucas mulheres que ascendem a cargos de liderança são aquelas que têm o apoio e recursos para contratar outras mulheres (muitas vezes mal remuneradas) para o trabalho.
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